Arquivo do mês: abril 2012

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Ensaio de tapas

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Pratos do dia

Essa é a relação dos pratos do dia desta semana no restaurante onde trabalho. Sempre tem uma entrada (e como o tempo aqui está muito frio, será sopa quente!), uma opção carne e outra vegetariana. Há séculos não escrevo cardápio em português e fiz uma tradução “nas coxas”. Me desculpem. Se alguém estiver interessado numa receita, é só me escrever!

Segunda-feira
Sopa de espinafre e gengibre
Carne de porco fatiado com coco, arroz de jasmim, cenouras caramelizadas
Dal, arroz de jasmim, cenouras caramelizadas

Terça-feira
Sopa de repolho agridoce
Vitela assada com frutas cítricas, batatas country, brócolis no vapor
Chili, batatas country, brócolis no vapor

Quarta-feira
Sopa de lentilhas ao curry
Peito de frango com limão e tomilho, quinoa, vagem refogada
Filé de tofu à milanesa, molho de limão e tomilho, quinoa, vagem refogada

Quinta-feira
Sopa de legumes com ervas marroquinas
Filé mignon marinado em canela e café, batata Macaire, “salsifits” no vapor
Steak de soja, molho Félin, batata Macaire, “salsifits” no vapor

Sexta-feira
Cappuccino de aipo
Salmão no vapor, molho de soja e gengibre, arroz com limão, nabo e cenoura caramelizados
Salteado de tofu, molho de soja e gengibre, arroz com limão, nabo e cenoura caramelizados

Cena mitológica de sexta-feira

Gaguinho e eu temos sérios problemas de comunicação. Eu digo vermelho e ele compreende amarelo. Digo verde e ele azul. Na quinta-feira ele vendeu sopa de cenoura e era ervilha. Não falei nada, mas para uma profissional de jornalismo, isso me faz mal. Então, cheguei cedo no trabalho na sexta com um sorriso monalisa achando que o céu azul de brigadeiro apesar da chuva e do frio. Pensei que, como eu estava de bom humor, calma, tranquila, seria um bom momento para tentar dialogar e encontrar uma solução conjunta.
Comecei sorrindo e dizendo que temos que descobrir como melhor comunicar. Ele não aceitou meu comentário, passou para a defensiva e aumentou o tom da voz. Euzinha mudei de idéia mas ele continuou num discurso entre sílabas cortadas e eu tentando completar suas frases. Felizmente tudo o que eu faço tem provas escritas e ele perde sempre a razão. Gaguinho foi ficando vermelho, nervoso e começou a fazer o som da panela de pressão, o que me apavora cada vez que ele entra nesse estado pré-explosão. Euzinha tentando acalmá-lo, dizia, que o objetivo da conversa, era um diálogo, não uma disputa, que era para o bem e melhor de todos e ele “piiiiiiiiiiii” respirando com esforço, eu mais apavora já pensando que ele ia ter uma crise de coração ia morrer na minha cozinha e eu iria para prisão e perder um passaporte vermelhinho. Nada de resultado. Peguei sua mão entre as minhas e continuei tentando: “fica calmo, respira, não se exalte, eu estou aqui para resolver os teus problemas e não para dar problemas, fique tranquilo, não existe culpas, só soluções”, e nada. Ele gaguejando ainda mais, entre um “piiiiiiiiiiii” e um “uuuuuuuuuuu”, eu nada brasileira e nada drama queen, perguntei “o que você quer que eu faça? chore? Por favor fique calmo, Quer que eu me ponha de joelhos?” e a resposta era o som da panela entre pseudo-sílabas incompreensíveis. Claro, fiquei de joelho para quebrar o clima tenso ainda com a mão dele entre as minha. Nisso chega o rapaz da entrega e nos vê nessa cena mitológica e começa a rir. Gaguinho vê o ridículo da situação e ri também e a tensão da panela parte, ele respira e no final disse que eu tenho razão.
Isso eu sempre soube, mas solução que é boa, nada.

Sem esperança

Envio um email com alguns documentos anexados para Gaguinho. No dia seguinte ele diz não consegui abrir. Impossível, arrematou. Olha que nem fiz em Mac para não dar trabalho para ele com compatibilidade… Quando tive um tempo entre um molho e um arroz, fui mostrá-lo como abri-los. Dois cliques e pronto. E verdade que tinha que ler as instruções mas Gagunho não tem paciência e quer tudo no automático vapt-vupt. Euzinha, não sei como nem porque, incarnei Jó num esforço para explicá-lo o que significa informática. Usei uma metáfora simplista: computador é que nem mulher, tem que ir com calma, paciência, ler nas entrelinhas, usar, quando existe, manual, e quando se pensa que se entende tudo, ela dá bug e tem que se começa tudo de novo e cada uma é realmente diferente. Alguns minutos depois ele entra na cozinha e me diz: “se é para ser assim, troco de computador e troco de mulher”. Sem esperança.